Puro Sangue Inglês
Indomável, arredia, vigorosa e destemida a dona...
Mal notou que ele, apesar de simples, detinha a doma.
Crente que suas longas estórias lhe seriam custosas,
Até que o gaiato, com todo respeito, lhe ofereceu honra...
Reparou em seus cascos sangrando, ferraduras gastas,
Entendeu que ela era, na verdade, um "cavalo" de raça...
Que ao longe desperta medo, reverência e veneração,
De perto, embora chucra e indócil, só precisa de coração...
Ele, "menino" da terra, dos cantos, silêncio e quietude,
Nesse novo encontro achara sua completude...
Da incompreensão que lhe furtava a identidade, agora
À sombra de um novo destino achara também felicidade.
Relincha, observa, se afasta, até que então se aproxima...
Imponente, se prontifica, mas dele espera a saída.
Ao contrário, ao vê-la indefesa e frágil, vulnerável,
Sem cordas ou violência, lhe doma, de forma admirável...
Agora, toda resistência se transmuda em amor e respeito,
Para o menino homem que desde o começo sabia o jeito...
Oferta de paciência, zelo, afeto e compaixão,
Tudo que ele carregava em si, ofertara em suas mãos...
Ela, em sinal de gratidão ao nobre cavaleiro de olhos verdes,
Em sua direção se deita, permite o toque e se afaga nele...
Sentindo seu coração, calor e doce enlace sublime,
Nota que sua chegada lhe trouxe a absolvição de um crime...
Sim, dos que o condenaram por ser acanhado, tão seu, sozinho,
Não mais carrega esse fardo, o robusto e destemido "menino"...
Dali em diante duas histórias desemparelhadas se unem, se cruzam,
Ele renasce das cinzas de um refúgio...e ela se desabrocha pro mundo...