eu odeio amar você
os seus olhos
são feitiços
que me amarram
à utopia de sermos dois
os seus beijos
são veneno
que queimam o meu interior
até não restar mais pó
o seu toque
vibra e arrepia a minha pele
e faz o turbilhão de vozes
que vive em minha mente
se calar
a sua voz me acalma
e me leva aos céus
onde posso repousar tranquila
sem medo de cair
eu morro um pouco mais
a cada dia
e toda vez que penso
estar viva
vem você
sorrateiramente
e me mata mais uma vez
você me mata
de amor, de afeto
de magnitude
mas também me mata
com o seu silêncio
o seu desdém
o seu desapego e medo
eu deveria fugir
correr o mais rápido possível
e nunca mais me entregar a você
mas como seria possível,
se você é o único que desvenda
o que eu escondo?
se é o único que tem a chave
desse coração surrado
e trancafiado em uma
jaula enferrujada?
o seu amor é como um animal
que hiberna
que é alimentado intensamente
e depois dorme
por dias, semanas, meses...
e quando retorna
está forte novamente
está de pé
como eu queria que tudo se apagasse
como uma fogueira
no fim de uma festa de julho
já que não consigo
desfazer o laço que
me prende a você
eu que não fumo,
queria um cigarro
só para sentir que
tenho o que me mata
nas minhas mãos
mais uma vez...