Ao vento...
Gosto de escrever ao vento.
Sem hora...tempo, momento...
lugar ou compromisso. Só isso.
E sinto que este é meu maior vício.
Chegar inesperado aos teus olhos.
Como se pudesse assim te namorar.
Apenas um leve encantar no teu olhar.
Não espero honras..nem méritos.
Só o teu riso é meu paraíso.
Publicar livro? Para quê? Vaidade?
Já sou um mendigo... podre de rico.
Já possuo tudo! Sou dono das estrelas...
Do sol. Da lua. Do banco da praça. Da rua.
A banda me toca. As janelas se abrem pra mim.
O mar espuma comigo. As ondas me navegam.
Estou vestido de milhões de grãos de areia.
Os bosques tremulam meus ais. Montanhas.
Vales. Lagos. Manguezais. Toda a natureza.
É minha! Delira comigo meus sonhos.
Esfarelo a terra em minhas mãos. Engulo sons.
Sou possuído pela música. Lírica. Sinfônica.
Tudo é luz dentro de mim. Megalomania? Não!
É a beleza da fantasia e sua magia.
Por onde me lavo de brisas...carícias.
Até a escuridão me cativa.
As sombras conversam comigo.
Danço à beira dos precipícios.
Só temo o medo de ter medo.
E de um dia esquecer...que vivo.
E o resto? Ah! O resto...confesso!
Tirando as emoções...sentimentos...
amores e desamores...o vento...
a beleza da poesia...
Eu deixo...pra serventia do lixo.
Hildebrando Menezes