Requiem de Eternidade

Desfiamos os fios de nossa vida arrancados de nossas penas com nosso bico.

Arrancamos cada uma enquanto afundamos nas profundezas das águas,

olhar fixo na luz que vai se distanciando.

É um mergulhar sem sentimento algum.

O sangue salpica o pequeno corpo e tinge as asas de vermelho

enquanto cria um rastro sobre a água como fosse a cauda de um cometa.

Um tapete vermelho se desenha sobre o mar e fica lá, estático

por centenas de milhares de horas do tempo do tempo.

O mundo ouve o Requiem aljofarado de plumas

que ressoa silencioso é ouvido pelo Sol que estende as mãos

e recolhe o pequeno corpo da ave entregando-lhe,

em meio a sua própria névoa, o beijo da vida.

É quando o pássaro perde suas penas salpicadas de seu próprio sangue

e paira sobre o tear da fiandeira.

Um novo tecido lhe reveste as asas.

Num voo mágica encontra o sol, se acolhe em suas terras

e um inusitado e exótico canto brota do amor

que os faz viver um para o outro como se cada minuto fosse o último,

como se não houvesse o amanhã.