EPIFANIZAR-SE

Preso em você, sem qualquer medida,

Vejo que pela minha janela,

Deves estar tão perto que,

Tudo estremece em mim, e alucina.

Não quero perder-me em desengano,

Nessas tormentas de amor!

Porventura, o que pensas,

Quando apenas, por um minuto,

Indiscretamente contigo estou?

E se eu pudesse fazer,

Um sacrifício que seja plausível,

Libertando-a do que a consome,

A teria, enfim, por merecer?

Tu que ainda não habitas a minha alma,

Será que a tua escreve tais versos?

Estes dos quais são suntuosos,

Como as nobres catedrais que Paris traz,

Onde és capaz de gritar meu nome.

Beber-te-ei na essência da fonte,

Se assim não fores levar como apronte,

E quiseres que eu seja um inconcepto,

Quando se consubstancia, renovando-se,

E nesta magnitude, atrai-me-ias,

A adentrar na Fontana di Trevi.

E com sua boca semi aberta,

Perceber que tudo é contraproducente,

Na medida em que minhas ideias,

Vão sendo materializados, totalmente!

A verdecer nossos campos,

Que antes não tinham mais vida e,

Ver o quanto que seu pranto me despertará,

Por intermédio da verdadeira magia:

A cerimônia de corpos, a epifanizar-se todo dia.

Poema n.2.953/ n.22 de 2023.

Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor)
Enviado por Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor) em 10/04/2023
Código do texto: T7760187
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