Sob seu prisma
Em uma tentativa de troca de papéis
Tento me revestir de ti
Da tua forma de ver
E das situações enxergar
Busco seu ponto de vista
Do todo e de tudo
E tento compreender
Sua coerência e incoerência
Sua confiança
E indiferença...
Este sou eu, voltado pra mim mesmo, não sabia?
Observo tudo o que tinha
Ou poderia ter
Sem esforço algum
E chego a concordar contigo
Que seria muito desgastante e incômodo
Sair de uma zona de tamanho conforto...
Afinal porque e pra que tamanho esforço?
Pra que estar com alguém que quer te impulsionar
Te revelar o seu melhor, mas também o seu pior
Pra que perder tempo com alguém que sempre estará
Ali
Longe
Distante
Ir a luta pra que se estará sempre a minha espera?
Ela tem muitas qualidades
Me joga ambiguidades
Desperta inveja
Vontade de ter perto
Mas sua luz me ofusca
Aponta minhas sombras
E de certa forma me incomoda...
Que vantagem levo em causar este tumulto em mim?
Mudar da trabalho,
Cansa, esgota, incomoda
Não preciso disto
Nunca precisei
Melhor ficar longe
Pra que ficar perto de quem me causa incomodo?
Ela é demais pra mim
Estudiosa demais
Independente demais
Espiritualizada demais
Atenciosa demais
Arrepiante demais
Sensivel demais
Intensa demais...
Não dou conta, melhor ficar longe né?
Ela me bagunça
Por isso não consigo ficar perto
Por tanto tempo
E com tanta frequência...
Ela me desorienta, não gosto disso...
O jeito intendo dela
me aponta o de menos que consigo ser e diar
Tempo, atenção, envolvimento
Comprometimento, reciprocidade
Tudo de menos...
Com ela eu só consigo estar em conta gotas
Doses homeopáticas
E sobre este prisma
não tem como ter equilíbrio...
A balança pesa desigual...
Não dou conta de tanto
E nem ela merece tão pouco
É melhor ficar longe
E neste prisma os dois encontram a razão.
Por mais que não quisessem,
esta foi a solução decidida
Afinal a ironia e o apanagio
de um bom escriba...
Ana Lu Portes Juiz de Fora 01 de abril 2023