Quotidiano

Nas suas intromissões no rame-rame do meu dia,

o telemóvel invade o écran dos meus olhos

com notícias e fotografias, e

mais fotografias e notícias,

de princesas e mais princesas, de

joias – oh as joias...

– joias de perder a cabeça

Tiaras e colares

de miríades de quilates e

brilhos raionantes

que vergam ao peso de mil sóis

as nobilíssimas cabeças coroadas!

... e também

as destronadas... as que tiveram a sorte

de trazer nos seus despojos

alguma sombra dos antigos esplendores...

Não consegue fascinar-me, o telemóvel

...Temos um ponto em comum...

Tal como elas, perdi

heranças e reputação...

Oh, sim, como em autêntica revolução,

foi 'fogo amigo' de alguns próximos

Mas há um ínfimo detalhe

em que a todos ganho aos pontos!

– Fui dona da minha vida, fui

dona dos meus dias!

Pelo menos, tanto quanto mo permitiu

a luta pela sobrevivência

Toda a minha riqueza está

encerrada dentro da minha cabeça –

Quem ma quisesse roubar, ou usurpar,

teria a desilusão do dono da galinha dos ovos de ouro...

Foi um dom dos Deuses

Foi-me dado, oferecido, gratuitamente!

E oh, espanto –

Nada em troca me foi pedido!

Myriam

29 de Março de 2023

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 29/03/2023
Reeditado em 29/03/2023
Código do texto: T7751677
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