AQUILO QUE MANTINHAS

Ela continua te amando,

apesar da extração dos teus dentes,

das obturações que lembram,

um ouro que tua boca mantinha.

E a tua voz ainda sai precisa

para ela que enche seu colchão

de nuvens, saudades

e línguas perdidas.

Ela ama a antiguidade dos teus lábios.

Ama e prepara os gemidos

e os sorrisos envelhecidos

estão no tempo presente

assim como sua pele cortada.

Noturno agora foi o seu grito de prazer

e tua mulher está tão feliz

que faria um poema de amor.

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 25/03/2023
Reeditado em 23/06/2023
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