Desassossego

Bem-querer, assim sem medida, meu pecado original!

Rasga tal qual navalha, deixa rastro como sinal.

Infindo, vago sem norte, no firmamento...

Sagrado como véu, embriaga minha alma...

Torna-me tosco, indomesticável, ainda acalma...

Passagem de mão única és, em movimento...

Derradeira estação a aportar, em mim caio, me acalento.

Brado seu nome, um deus me vem!

Marcho num cais, um anjo me conduz tal qual pastor?

Rogo, Deus, tenha dó de mim! Num canto de louvor

Invade-me a ideia, ouço meus ais, paro num cais, nenhum bem...

Busco seus passos, rastros, sinais, só sombras...

Alma minha se dissipa, evapora-se, velas ao vento...

Lago imerso de sonhos, saudades, fingimento...

Deus de eras mais remotas, mil devaneios, me assombras!

Enfraqueci, ralhei, embruteci, despetalei nos braços teus!

Lucimar Oliveira
Enviado por Lucimar Oliveira em 24/03/2023
Reeditado em 04/04/2023
Código do texto: T7747810
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