Não sei mais dançar com palavras

O mundo dá tantas voltas ao redor do que somos

e nossas saias dançam com ele a dança da vida.

Eu giro há séculos grudada em suas asas,

mas vejo que o tempo passou

e não tenho mais forças para dançar.

Aquietar-se e observar a vida de longe é menos dolorido.

 

Não muda nada o que eu faço ou que eu deixo de fazer.

O sol continua sua rota iluminando o céu e as outras estrelas

e eu fico da janela olhando sua passagem pelo meu tempo.

A lua zela por sua trajetória, uma noite sim, outra não -

escorre sua parca luz em outros territórios

esquecendo-se de meu jardim.

 

As vozes das estrelas não me tocam mais.

São como letras perdidas ao vento.

 

O silêncio é o único que me fala,

mas preciso procurar, imerecidamente,

sua voz escondida nos pergaminhos do tempo.

 

Teclo letras e se formam palavras

que deveriam estar trancadas

e jamais ver a luz da lâmpada fria e triste

sobre o tampo da mesa.

 

Tudo é demais, tudo dói

e a alma só quer paz e silêncio...

distância e quietude...

solidão que apare as sem lágrimas

que o dia entrega a cada abrir e fechar de olhos.

 

Que venha o adormecer do infinito -

meus olhos anseiam por fechar e dormir

o cansaço de tanta vida vivida

e compartilhada com quem não a viu -

mesmo diante dos seus olhos - passar... 

 

O mundo dá tantas voltas ao redor do que somos

e nossas saias dançam com ele a dança da vida.

Eu giro há séculos grudada em suas asas,

mas vejo que o tempo passou

e não tenho mais forças para continuar a dançar...