Canção para a Minha Amada
No jardim da madrugada fresca a minha Amada brinca
Com a solidão do ar que o meu amor respira
E o perfume colorido das flores translúcidas que o sol acaricia.
Os pés macios e descalços da minha deusa amansam
A erva húmida e suave onde as gotas cristalinas do rio do Amor
Repousam preguiçosamente à espera dos raios quentes e abrasadores.
Os cabelos lisos que o vento primaveril banha
São serpentes douradas que conquistam
Com magia os meus olhos loucamente encantados.
O teu corpo, Senhora, é o alegre e sorridente Templo da Vida.
No teu rosto incomparável deposito o mel dos meus beijos.
Os teus lábios são rosas em botão florindo ao som do vento.
Na transparência da tua pele sinto
O calor vibrante do teu amor juvenil.
Nas tuas mãos voam borboletas coloridas e encantadores colibris.
Os teus dedos prateados acariciam
As cordas da harpa num murmúrio muito doce.
No bater terno do teu coração o sangue gira
E a Vida flui como um arminho branco nas veias do Amor.
A ti, Senhora do meu mar,
Ofereço a melodia nas cordas da minha guitarra.
Para ti, princesa do meu corpo,
Canto a beleza imaterial do teu Ser eterno.
Em ti, mágica sereia,
Penetra o arco-íris salgado dos corais.
Nos olhos que em ti brilham com a claridade suave
Dos diamantes, dos rubis, das esmeraldas e das pérolas,
Contemplo a pureza transparente no oceano do teu Amor.
Na tua cabeça surge como o sol nascente
A grinalda de flores de brancas pétalas
Que para ti construí no palácio dos meus sonhos.
As túlipas vermelhas enfeitam os teus olhos
E as ervas frescas amaciam a pele
Das colunas marmóreas do teu corpo.
O perfume que respiras renasce de novo
Na energia do calor da Vida.
No jardim da tarde calma a minha Amada canta
Com uma voz suave uma canção de Amor.
Nas areias que o mar acaricia e embala a minha Amada sonha,
Gentilmente adormecida nas ondas do Néctar florido da Vida!
Bragança, dezembro 1970