Em busca do Anjo
Outis precisava dormir, mesmo com o peso do mundo nas costas
Sem asas, mas precisava voar
Havia o anjo do outro lado do rio
Com asas descansando
E provocando com olhar mortal
Ele precisava nadar até o outro lado
Para escrever uma carta para ela
Mas não sabia como começar
“De todo meu amor, meu Amor
Estou me afogando, querida
E não há como me salvar destes rios de problemas”
“De todo meu amor, meu Amor
Engoli meus medos
Para então entrar neste rio”
Angelicamente sensual
Provocante ao trocar de pernas cruzadas
No ponto cego do Senhor lá de cima
Ela age impulsivamente no seu lado de anjo caído
“De todo meu amor, meu Amor
Acredito estar me afogando, Fada
E você também não pode voar”
“De todo meu amor, meu Amor
Nadar contra a maré
Você sabe que nadarei até o fechar dos olhos”
Se todo sorriso fosse para esconder uma dor
Outis jamais teria forças para nadar tanto
De tão verdadeiro, só os sábios entenderiam
O verdadeiro poder de se sorrir com toda sinceridade
“De todo meu amor, meu Amor
Estou com certeza me afogando nesse amor
Sem perspectiva de alcançá-la”
“De todo meu amor, minha querida
Minhas palavras são o que sobram
Não as deixem molhar neste rio”
“De todo meu amor, minha Fada
Por favor não entre
Não entre neste rio”
“Algumas vezes, só algumas vezes
Parece que não consigo nada até o outro lado
Há um anjo do outro lado que preciso alcançar”
“Algumas vezes, sim, algumas vezes
Com meu peso nas costas
Quanto mais nado mais me afogo e fico longe dela”
“De todo meu amor, meu Anjo
Seu cheiro me dá forças
Para um dia, quem sabe, chegar lá”
“De todo meu amor, meu Amor
Nessa busca estou cada vez me afogando
Ficando apenas sozinho, perdido dentro de mim”