Baiacu.
Construí uma casa submersa,
Com sete portas que me levam a entrada,
Sem olho mágico, sem campainha.
Mergulhei por anos para encontrar esse espaço,
Tantas vezes fiquei sem ar e voltei a superfície,
Tantas outras achei que não daria tempo...
Quando pronta, convidei um e outro amigo,
Que usaram cilindros de oxigênio,
E eu achava graça em tudo.
Instalei um sistema de segurança,
Com alarmes, câmeras e trancas,
A gente nunca sabe se um estranho vai tentar se aproximar.
Já me disseram que eu não teria muitas visitas,
Que o tempo médio que uma pessoa prende a respiração é de um minuto.
Um minuto eu não consigo abrir nenhuma das portas.
Já me disseram mais de uma vez para eu me mudar daqui,
Mas essa é a minha casa,
Eu mesma construí.
Disseram também que ninguém iria-me encontrar,
Então eu dei nome a esse pedaço de mar:
*Vila Solidão - Rua Baiacu N°0*