Tempestade
Chove
E a chuva me ressurge
Depois do sol escaldante
Do cansaço e o escasso
Tempo em deslumbre
Em crer em você como lume
Não como humano-mulher
Mas como peça dramática
Numa sátira a Moliére
Chove
E a mágoa de pedra
Se desfaz em micro pedaços
Rega meu ego incoerente
Num abraço capaz de
Romper em silêncio
Meu orgulho de aço
Chove!
Chove!
Chove!
Tempestade de rancores!
Torrentes de impropérios!
Avalanche de temores!
Chove
E escorre, nas bocas, a mágoa
E nos olhos , as lágrimas
Detidas por longo tempo
Nas grades das regras criadas
Pra deter corações alados
Chove !
Chuva de trovoadas no dia
E chuva de silêncio na madrugada
A chuva veio assustadora
Como a terceira onda
O terceira guerra
De armas em punho
Num instante de fúria
Onde o ciclo da vida
Depende mais de ideais
Que sonhos
A chuva que foi impiedosa
Por tempos
Passa do ruído ao silêncio
No novo dia que se inicia
Sol sobre o solo!
Da cela a sala
O meu ego faz escala
Sobre o umbral da janela
Que se abre em minha alma
No quintal do meu novo dia
Vejo o folhagem dos meus sonhos
Criando raízes robustas na terra
Adubada pelo meu senso
Sempre propenso a ceder
A discórdia, ao dissenso
Mas , no agora, ainda não percebo
A pureza que a chuva trouxe
Ao meu eu, volúvel como vento,
Mas carente da carência humana,
Que se refaz na cama e se desfaz
No doce beijo de um amor verdadeiro !