Tempestade

Chove

E a chuva me ressurge

Depois do sol escaldante

Do cansaço e o escasso

Tempo em deslumbre

Em crer em você como lume

Não como humano-mulher

Mas como peça dramática

Numa sátira a Moliére

Chove

E a mágoa de pedra

Se desfaz em micro pedaços

Rega meu ego incoerente

Num abraço capaz de

Romper em silêncio

Meu orgulho de aço

Chove!

Chove!

Chove!

Tempestade de rancores!

Torrentes de impropérios!

Avalanche de temores!

Chove

E escorre, nas bocas, a mágoa

E nos olhos , as lágrimas

Detidas por longo tempo

Nas grades das regras criadas

Pra deter corações alados

Chove !

Chuva de trovoadas no dia

E chuva de silêncio na madrugada

A chuva veio assustadora

Como a terceira onda

O terceira guerra

De armas em punho

Num instante de fúria

Onde o ciclo da vida

Depende mais de ideais

Que sonhos

A chuva que foi impiedosa

Por tempos

Passa do ruído ao silêncio

No novo dia que se inicia

Sol sobre o solo!

Da cela a sala

O meu ego faz escala

Sobre o umbral da janela

Que se abre em minha alma

No quintal do meu novo dia

Vejo o folhagem dos meus sonhos

Criando raízes robustas na terra

Adubada pelo meu senso

Sempre propenso a ceder

A discórdia, ao dissenso

Mas , no agora, ainda não percebo

A pureza que a chuva trouxe

Ao meu eu, volúvel como vento,

Mas carente da carência humana,

Que se refaz na cama e se desfaz

No doce beijo de um amor verdadeiro !

Celso Paulo da Silva
Enviado por Celso Paulo da Silva em 03/03/2023
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