Lua
Navego num barco lento,
De pouco vento e muita mudança,
De muito tempo e esperança,
Sobre um rio curioso,
Caminho tortuoso,
Que me prometi passar.
Neste barco há um corpo,
Numa caixa lacrada,
Que no mar vou jogar.
Essa caixa é um caixão,
Com uma tampa vedada,
Que prometi não tirar.
Olho o céu, vejo a lua,
Seu reflexo na água,
Que conforme a passada,
Mal consigo enxergar.
Com a lua acordada,
Pensamentos vêm fundo,
Meu sentir é profundo,
Tão confuso é esse mar!
Você vê o caixão?
Foi jogado na água,
Numa manhã bem clara,
Sem vestígios da lua...
Me veja afundar!
Afundei por um tempo,
Até encontrar o momento,
Que eu pudesse me encontrar.
Siga no barco lento,
Que talvez, passado esse tempo,
Eu consiga te alcançar.
Nesse dia, sem lamento,
Eu inteira e você dentro,
De um espelho que eu possa olhar.