TÍNHAMOS
Levitei ao segurar tuas mãos
Entreguei meu corpo ao lábios teus
Tínhamos tudo pra ser mais
Tornar o cotidiano ápice de nossa completude
Dediquei poemas estupidamente tolos
Sorrisos irrepetíveis
Oferecidos somente para ti
Se o mundo sequer existia desconhecia ao passo que me olhavas
Me tocava, eu transbordara
Não me cabia mais em mim
Não cabia em ti
Como ainda não caibo no agora
Nesse silêncio, nesse nunca mais
Tínhamos tudo pra ser
E fomos
Tínhamos e quase conseguimos ser mais
O que temos é um pra sempre turvo
Um amor que se vê no retrovisor
Um amor que é retrocesso
Um passo atrás
Um desafino dos tons de gozo
Desatinar de querer
Eu toquei a solidão com minhas próprias mãos
A propósito, não arrumo mais a cama
O mais próximo do reboliço que era você em mim aqui
Infelizmente tornei-me um relicário de retalhos que vc deixou de mim.