Eu te acharia entre milhões de vozes
O rosto ferve, lembrança voa
Engulo seco cada saliva tua
Que não tenho mais na minha
Que não tenho mais na minha.
O arrepio me sobe,
a barriga esfria,
a garganta fecha
duma sede sombria.
mas
Eu te acharia entre milhões de vozes
Se você quisesse voltar
Eu te escreveria nas minhas linhas
Se por aquela porta você quisesse entrar.
Engulo seco cada saliva tua
só na memória
só na memória
parda, fria, crua.
Você me disse adeus sem dizer
Pondo nas minhas mãos
a decisão de sair de você.
Agora sou livre contra a vontade.
Você me arrancou como folha rasurada
Do teu caderno favorito
Como se eu nunca tivesse sido
preenchida por tuas palavras.
Tua boca me dizia
que eu não precisava partir
Enquanto teu gesto me mostrava
que você já não estava mais aqui.
Não sou mais a letra favorita
da tua canção
você me levou aos céus
e me atirou ao chão.
Agora te rasgo em mil pedaços
de uma folha que o outono soltou
Eu não te escuto mais,
senão na lembrança vazia que você deixou.
Eu nunca mais serei o mesmo ser,
Nunca mais serei
e o triste é que por mais que eu tenha sido boa,
você não saberá
o quão melhor eu me tornei.
Mas
Eu te acharia entre milhões de vozes
Se você quisesse voltar.
Eu te escreveria nas minhas linhas
Se da porta pra dentro
você quisesse ficar.