Eu te acharia entre milhões de vozes

O rosto ferve, lembrança voa

Engulo seco cada saliva tua

Que não tenho mais na minha

Que não tenho mais na minha.

O arrepio me sobe,

a barriga esfria,

a garganta fecha

duma sede sombria.

mas

Eu te acharia entre milhões de vozes

Se você quisesse voltar

Eu te escreveria nas minhas linhas

Se por aquela porta você quisesse entrar.

Engulo seco cada saliva tua

só na memória

só na memória

parda, fria, crua.

Você me disse adeus sem dizer

Pondo nas minhas mãos

a decisão de sair de você.

Agora sou livre contra a vontade.

Você me arrancou como folha rasurada

Do teu caderno favorito

Como se eu nunca tivesse sido

preenchida por tuas palavras.

Tua boca me dizia

que eu não precisava partir

Enquanto teu gesto me mostrava

que você já não estava mais aqui.

Não sou mais a letra favorita

da tua canção

você me levou aos céus

e me atirou ao chão.

Agora te rasgo em mil pedaços

de uma folha que o outono soltou

Eu não te escuto mais,

senão na lembrança vazia que você deixou.

Eu nunca mais serei o mesmo ser,

Nunca mais serei

e o triste é que por mais que eu tenha sido boa,

você não saberá

o quão melhor eu me tornei.

Mas

Eu te acharia entre milhões de vozes

Se você quisesse voltar.

Eu te escreveria nas minhas linhas

Se da porta pra dentro

você quisesse ficar.

Aflora la Fora
Enviado por Aflora la Fora em 25/02/2023
Reeditado em 19/07/2023
Código do texto: T7727580
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