MORTE DE UM POETA
Amigo, quando na campa, por sina, eu repousar,
Não chores por mim, porque tudo na vida é ilusão!
Sou um mísero sofrente que da dor quer escapar
Sou mais um simples rosto que sairá da multidão
O fado das minhas tristezas me fêz tanto pensar,
Se esta existência para mim foi severa punição;
A melodia da felicidade nunca aprendi a cantar,
Merencória vivência, escopo de tanta altercação!
Quando meu soma, ali inerte, não mais respirar,
Já não mais faço parte desta atroz conspiração,
Deixa apenas que os vermes venham consumar
O corpo de um lírico que só alcançou decepção.
Os clarins com toques estrídulos vão anunciar,
O retorno de um poeta à sua nova dimensão.