A intemporalidade de amor!
Anuência total entre o som de sua harpa de odores
e o sangue que lhe corre na alma bravia.
Sedutora implacável do lirismo da noite branca de ontem.
Perceção louca da mulher perfeita na pureza de uma nudez inocente.
Fechei os olhos para seus ombros beijar… senti a pedra quente
do sorriso dela na utopia do balanceamento das cordas da harpa.
Senti uma doçura incriada de quem nunca havia amado…
Os seus seios manifestaram desejos intensos e lúbricos que a triste
boca escondia. Seus lábios beijarão certamente com agrado e fulgor.
Será que ela canta? Os pensamentos tornam-se melodiosos ao imaginar
a voz doce daquela mulher que beberia em longos tragos até morrer.
Desafiadora do sectário instinto da noite onde voam estranhas aves
noturnas atravessando os gritos marítimos duma beira-mar abandonada.
Sou terra invadida por aquela ondulação ciclónica! Fechei os olhos…
imaginando seu corpo ardendo sob poesias eróticas e palpitantes.
Imagem vertiginosa de impudor ímpio das moças da casa da luz vermelha.
Seu corpo arderá em mim por meia dúzia de moedas de prata?!
Sobre um lençol imundo mordido por orgasmos porcos e imorais!!
Em cada mulher existe uma beleza silenciosa mesmo que a dela
dança rodopiante como uma borboleta sob os dedos ávidos de música.
Não quero atirar pedras!
Suposições tolas desfazem-se em embriaguez dentro deste coração faminto.
Mulher nua de mãos doces e ventre escarlate onde as ondas
fustigam com areia branca vinda de outros mares…outras terras.
Quem és tu!!!
Quem és tu mulher que à beira-mar trazes na carne o cheiro da terra
dos cabelos ousa manar uma videira luxuriante de versos puros
das suas mamas a materna substância que beija a curva quente dos cabelos.
Beberei seu beijo de trago só?
A sensualidade lambe o torso jovializado pela fronteira do corpo e o espírito.
À tona das águas e nas pedras apenas escutamos as aves noturnas,
que incendeiam a possibilidade insana das estrelas abandonares as órbitas
despertando-me para qualquer tipo de realidade nojenta!
Observo-a impregnado de silêncio e medo da simples e banal rejeição…
…meus pés feridos do sal e das puas de madeira daquela cruz maldita...
Meu sorriso entontecedor e meu hálito de poesia na boca e na voz
de uma mulher da vida seria hilariante!!.
Esta distância amarga entre o ser e o que será, faz-me regressa ao ventre
para mais tarde inventar para ti uma outra personagem.
Quem és tu!!!
Troco mil dias de vida mil sorrisos….mil poesias e toda a inspiração
para ter de ti toda a beleza que o corpo iluminado pelas luzes lunares oferece.
Meus olhos transfiguram-se nas lágrimas e minhas mãos descobrem
sombras na minha face outrora rude e incolor… áspera e sem tempo
de ser que eu realmente sou.
Doí-me a memória na possibilidade de não passares de um sonho!
As plantas, as aves noturnas…as águas espumadas pelas ondas
a lua, a areia, a loucura, a poesia…as lágrimas …está tudo aqui! E tu?
Silêncio! Escutem! Não ouvem o silêncio de fogo das cordas da harpa
maternal que entoa entre teu sopro do mar e o amor que sinto por ela.
As coisas nascem!
As luas nascem…as flores nascem…as aves nascem! Porque seria loucura
ela existir???
Amanhã voltarei a esta mesma praia…mais inocente que a própria água
mais frio que as pedras e mais lúcido que a morte…
A carne pura no espírito cego e abstrato que me afogou o sonho de hoje,
de uma violência a imobilidade completamente inconsequente!
Vejam como hoje a noite é mais escura!!
Anuência total entre o som da água e a razão dos sentidos.
Nas mesmas ondas que sonhei uma velha senhora se devolve à luz.
Na morte premeditada que lhe tinge as pálpebras de lágrimas salgadas
com concha de madrepérola partida.
Espere! Não faça isso! O tempo ficaria sem sentido na vida de quem a ama,
salgado e silencioso como uma pedra inquebrável!!
És tu que pares os teus sorrisos, que ouves teus filhos te abraçando nas
noites escuras e longas. Não faça isso! O vento do espírito transformaria este mar
em sombra para sempre.
- Meu jovem …meu tempo começa onde tudo acabou, onde transporta o árduo
martírio da saudade. ..
- Décadas de consagração das noite brancas ao som das harpas das sereia,
sentido seu beijo nas minhas mãos fecundas até de madrugada…
- Começa o tempo onde terei a oportunidade de lhe dizer que sempre soube de sua presença.
Pedra sobre pedra naquela urna salina, na certeza pungente que nos amaremos.
para todo o sempre…
- Olha meu jovem! Está amanhecendo… tenho que partir no próximo bando de aves noturnas!