Namoro de antigamente.
No meu tempo, era difícil namorar
Você tinha que enfrentar a mãe e o pai
Para poder na porta chegar
Ainda tinha o irmão que marcava de perto
E o cachorro que ficava a ti olhar
Você não podia vacilar, a marcação era cerrada
Quando davam um brecha, era um beijinho que acontecia
E pra tudo tinha hora marcada
Ficavam contando os minutos
De voce sair e fechar a casa
Era muito ruim o namoro, na minha época
Quando não gostavam de voce, batiam a porta
Aquilo era só um aviso pra sair na hora certa
Depois que fui percebendo esses avisos
Mas, eu aceitava tudo, por causa dela.
Quando davam brecha a gente se falava escondido
Tinha que apelar, não tinha jeito
Daí a gente procurava um lugar bem no escurinho
Que era pra ninguém ver, se não iam contar
O que não faltava, era gente pra fofocar.
Quando ela saía, o irmão o acompanhava
Daí os paqueras na rua o chamavam de cunhado
E o irmão ficava muito puto de raiva
Ele caminhava bem atrás da irmã
Que era pra enxerga tudo e que não percebessem que ele a vigiava.
Era assim o namoro no passado
Era ruim, mas tinha suas vantagens
Ela só saía de casa quando pedia a mão, autorizado.
Para jurar na igreja perante a Deus e no altar
Um compromisso assumido em familia e sacramentado.
Salve os escritores e poetas
Viva a Poesia regional
Que de melhor não se tem igual.
Manaus, 12/06/2022
José Gomes Paes
Poeta e escritor Filho de Urucará.
Membro da Abeppa e Alcama