Pássaro de Fogo

Onde estou agora? 

Estou imersa em teu mar,

coração fixo na claraboia de teus olhos,

bebendo um gole dessa orquestra

cuja maestrina é teu amor.

 

Se arranho um monólogo

ao som das ondas

que me chegam

é porque só contigo estou. 

 

Talvez tenha perdido o fio da meada

e não saiba mais a que vento falar,

se ao que sopra brisa em minha face

e amaina de ternuras o meu coração

ou ao que vem qual ciclone na tormenta

e me arrebata, pássaro faminto de asas de fogo,

para a embriagues inebriante

de labaredas e chamas apagar. 

 

Por isso, ando escondida com meus mistérios,

segredando amor, agasalhada, de cantinho,

ao teu lado com cobertores de brandy. 

 

Bebo em teus braços o sabor do alcaçuz

e das apaixonantes baunilhas

que nos tiram do prumo

e desequilibram o doce e o amadeirado

dos óleos e das especiarias

num carrossel de luz e sombras

que rolam ao som

de um recital de teus lábios de poemas. 

 

Sim, eu e você - Somos Nós.

E somos nós, os geradores

de nossa própria luz,

o iluminar de nosso amor,

a paixão de nossa dança,

no comando do deguste

desse copo de puro

e laminado brandy.