Vermelho
Matiz mãe,
Que flama o sangue
Navegante e tempestuoso
Nos rios de meu cansado corpo.
Vermelho flor,
Intenso vinho,
Das dúvidas e das certezas,
Da busca e da beleza,
Da rubra rainha rosa
Que num contraste suntuoso
Deposita vida
Engalanando o verde da natureza.
É amor,
Vermelho carne
Da boca que suplica beijos.
Cor da ansiedade de tinta
Que toma conta de mim !
É um Tum-tá, Tum-tá , tá...
Que bate descompassado !
Coração acelerado,
Para que tanta força assim ?
É a paixão escarlate,
Que desatina a perguntar,
Me deixando sem resposta
Só para vida, dela se encarregar.
E esse vermelho cobre tudo:
Minh'alma, a paleta,
O pincel , o coração...
Será que o bom anjo que me protege
Veste-se desta cor então ?
É também, dolorosamente,
Uma tal de Cor guerra,
Vermelho do ódio
Que de modo inconseqüente
Tinge a terra
Banhando a alma de alguns...
Aí, finda o dia
E o poente ruboriza o rosto do sol
Que acanhado se oculta,
E adormecendo, se resguarda
Para outro dia que vem nascendo.
E na noite dos amados,
É o vinho,
Simplesmente,
Como uma lágrima vertente,
Derramado neste poema.