A PROCURA
Revolver cada lapa,
Pedra, rocha, penedo…
Dilacerar a velha capa,
Vestida a mirar o medo!
Afastar a obscuridade,
Romper nuvens e refúgios.
Combater a imoralidade
Enjeitando os subterfúgios…
Pisar todos os caminhos
Perscrutar cada caverna
Livrar-me dos espinhos
Que são a clausura eterna
Enfiar-me em cada treva
Recusar cabos e correntes
Que a vontade me subleva
Destes trilhos displicentes
Hei-de encontrá-la, espero
Nem que ande a vida inteira
Não estaco, não exaspero
Nem padeço de cegueira
Quem souber do seu paradeiro
Que fale! ficarei agradecida
Porque o coração só fica inteiro
Se a alma não estiver perdida…