Estesia

Entre suaves acordes musicais, escondo-me exausta

da lida da vida, recostada sobre almofadas macias.

Acariciada pelo zéfiro da madrugada luto contra a sonolência

que me esgalha e a monotonia que me abate tacitamente.

Tento fugir das mesmices, reinventando tangentes,

fugindo aos padrões, às normais e às secantes banais,

esculpindo as minhas mais íntimas emoções.

Refugio-me de mim, de tudo e de todos, enquanto o lápis

traça e retraça, estraçalha a minh’ alma abstrata

fazendo surgir diversos temas, oblíquos poemas.

Sinto florescer o ardente desejo de varrer o sofrimento

que me seca e estesia pronunciando um novo acento

uma nova leitura, uma vida nova brotando no âmago.

Por alguns instantes absolutos perco-me

nas vibrações sonoras e não sinto o passar das horas.

Sinto reinar o silêncio superno que vem povoar o afã

O ímpeto estoura um bramido e punge a veia poética e o elã.

Enquanto mergulho nas palavras e escondo-me

entre pontos e vírgulas, acende-se uma luz

à minha volta que transfigura integralmente o meu ser.

e nesse acentuado instante, inicia-se

a minha existência cromática e vertiginosa.

Umbelina Marçal Gadelha

Umbelarte
Enviado por Umbelarte em 31/01/2023
Reeditado em 31/01/2023
Código do texto: T7708440
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