A ALMA TRISTE DO JARRO

Todos os dias ela vinha

Sorridente e toda prosa,

E depositava flores no jarro

Disposto na mesinha da sala

Do casebre amarelo.

Eu via o artefato de barro,

Sorrir de contentamento

À carícia daquelas

Mãos tão delicadas!

Passou o tempo. Levou nas asas

Do vento toda a fantasia.

Quebrou-se o encanto de tudo.

Até os pássaros quedaram-se

Ante tanta melancolia.

É que foi embora a bela Renilda,

A nossa encantadora princesa,

Um príncipe malvado a levou.

Choraram de tristeza as rosas,

Os lírios também choraram,

De dores padeceu o jarro,

E esse pobre poeta,

Que tantos versos

A linda dedicou,

Emudeceu, partido de dor.

E meu dolente canto se fez ouvir:

Adeus rosas do campo!

Adeus flores da primavera!

Adeus amores e sonhos!

Se foi a bela Renilda.

Nem esperou meu adeus!

Eu me disse contristado:

Que dor, que tormento ,

Ver partido, despedaçado, o jarro!

Aquele jarro,

Simples artefato de barro,

Tem alma, as flores

Que ele guardava também !...

Todas murcharam,

De tristeza tombaram

Com saudade da dona

Daquelas mãos tão delicadas ,

Que as conduziam ao jarro,

Nas manhãs risonhas e belas!

Nas tardes festeiras,

Mimosas, alvissareiras,

Nos dias de encanto e magia

A festejar os albores

Da Primavera !

JUCKLIN CELESTINO FILHO
Enviado por JUCKLIN CELESTINO FILHO em 29/01/2023
Reeditado em 16/04/2024
Código do texto: T7706806
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