O violinista no telhado
Também quis um violino no telhado,
uma voz que tocasse um som que me comovesse,
um bordado de vida que me transformasse em pano
para embrulhar um coração ferido.
E busquei o cheiro que inebria,
as lindas mãos que seguram uma metodologia,
a santidade que não tenho
e as diabruras em poemas que vivo a tecer.
Também sonhei com essa pintura infinita de azul
e um Sol em perspectiva sobre a tua cama
para amar quando eu quisesse brincar meus enigmas
e afinar as cordas de meu violino
sobre os lençóis acetinados e quentes.
Também quis viver a beleza do mundo e suas coisas,
beijar e suspirar enquanto jogamos xadrez
até altas horas da madrugada,
receber, em minha taça, o sumo da vida,
enquanto morremos num mote só
ao som da nova valsa do imperador.