Re - Encontrar
Quando coloquei minhas memórias no rio do passado
Quando me afastei das feridas
Das dores e do silêncio banhado em lágrimas
Quando me desfiz do que cheirava mofo
E não me cabia mais
Roupas, objetos, lembranças
Pensamentos, utopias...
Você vem se achegando de mansinho
Na espreita
Na fresta
Chega sem chegar
Feito um meninão
Ressabiado se pode entrar
Se ainda há espaço pra você pousar
E fico eu aqui
Encismesmada
Com as distâncias
Com as ausências
E com estes passos leves
Misteriosos
Estas canções nas surdinas
Despretensiosas
E sem destinatário
Repletas
de interrogativas...
De um ....
será???
É ano novo
E eis que a vida brotou
E germina a cada amanhecer
E eis que tudo se faz novo
E é sempre tempo de renascer...
Tempos novos....
Vidas renovadas
Ressignificadas
Transformadas
É Tempo de esperançar...
Reconquistar
Recomeçar
Reencontrar...
Não do mesmo jeito
Da mesma forma
Ou no mesmo lugar...
Mas de novos jeitos
Novos espaços
Com enredos novos
Nos novos seres
Que nos vincos
Das mesmas essências
Que na distância
se puseram a remodelar...
Ana Lu Portes, 21 de janeiro, sábado de um verão chuvoso em Juiz de Fora