NINGUÉM PARA ME OUVIR
Fechei os olhos pra não lhe ver partir
Pois as lágrimas teimavam a escorrer
Pelo o meu rosto marcando um caminho
Que não tinha mais volta.
Seus passos foram se distanciando
Em meio as flores que brotaram
Na nossa última primavera;
Seu vulto foi sumindo por entre os espinhos
Que ficaram encravados no meu coração
Deixando as cicatrizes de um impávido amor,
E o silêncio passou a ser o meu companheiro
Nas noites de intimista insônia.
Amarga solidão que comigo veio morar
E ocupou o vazio da ausência
Que você deixou na minha vida;
Foi então que abri o diário
Da nossa história e percorri
As suas amareladas páginas,
Parágrafos e capítulos que alternaram
Nossos sonhos; nossas realidades.
Aos poucos o tempo nos foi transformando
E de repente eu me vi sozinho
Na escuridão do meu eu;
Sem ninguém para me ouvir.