"Correndo pra encontrar o amor"
Por um instante pensei que fosse pressão
Tive a impressão lá no princípio de infarto
Começou silencioso e foi tomando espaço
Corria depressa prestando atenção
No ritmo do fone, na disritmia do cardio
Desacelerei o passo pra melhor constatação,
Mas já era tarde pra discutir emoções e diagnósticos
Quem venceu invicto foi o coração
Arrebentando os portões do meu peito
Nervoso feito criança que solta a mão da mãe
Em plena muvuca de sexta no centro
Batendo forte de amor por ela
Que vinha retilínea em minha direção
Repetida ocasião que não perde o posto de momento perfeito
Na contravenção que atropela o sujeito
Cada acidente que foi responsável por trazer pra perto
Pranto, parto, Porto, trejeitos e trajetos
Porta voz de efeitos, dependente de afetos
Desde ressurgir em uma segunda vinda
Até ancorar nessa cidade há anos e quilômetros
De onde tudo começou debaixo do primeiro teto
Protagonizando uma vida fragmentado em fases
Causando coisas impossíveis de transferir para um poema.
Esse ainda é meu maior problema:
O tanto que eu sinto e não sei (só insisto) exemplificar.
Não me ocorre nada a que nos possa equiparar
Teimosia minha ainda querer discutir,
Mais ainda a de querer inventar
Teorias, tramas, termos, teoremas,
Sobre o que só cabe investir sem querer controlar.