Tingindo-me
Em mãos suaves
Tu ergueu as mangas
e me tingiu.
Tingiu primeiro a mente
me prendendo,
me fazendo escrava
desde o início.
Tingiu meus olhos
que não enxergam mais,
que não veem nada além,
além de ti.
Tingiu meu nariz
que anseia seu cheiro.
Tingiu ainda minha boca
que deseja tão ardentemente...
a ti.
Tingiu meu pescoço, meus braços
e meu colo,
que sofrem sem teu abraço.
E tu não parou aí
sua arte(manha) ainda estava em processo,
ainda salpicou mais e mais tinta...
jogou cores,
cobriu manchas,
retocou imperfeições.
Continuou a me tingir
de forma lenta e gentil.
Foi tingindo até chegar no fundo do peito
e lá
tu guardou teus pincéis,
bateu os pés no batente da porta,
entrou e se acomodou.
Tingindo meu coração,
onde tu fez morada.