DALILA
Joguei meu mundo pela janela
e desisti da minha existência
quando lhe conheci,
pois você é minha perdição Dalila.
Hoje vivo em busca do eu
sem mim encontrar.
Paguei alto polo encanto
de teus olhos soberanos
e pelo o preço de ser você,
só para lhe ouvir me chamar
de meu amado.
A alegria de viver se foi
juntamente com meu coração seco
dentro do peito a navegar pelo mar,
sobe o som das águas de lágrimas passadas
como uma melodia cíclica.
Às vezes chego a pensar ser em vão,
minha procura entre linhas tortas
por uma linguagem de amor
e se me permitisse amar você
sem essa melancolia que há entre nós dois,
nossa vida nesses dias atuais
seria uma reciprocidade poética
sem nenhuma culpa,
pois eu sou sincero e não pretendo
viver um amor improvável.
Não me espere mais, pois não haverá
um novo reencontro entre nós.
Sinto muito a sua falta,
mas chega de tanto desabor.
Refleti antes de tomar essa decisão
apesar de minha fragilidade
e quanto as boas lembranças
que houve entre nós,
só te relembrei ao ponto de partida.
Feliz do homem que em seus reflexos
não conheceu o amor.
Quando lhe falei de amor,
você disse que isso era o meu clichê,
que o sonho perfeito nuca existiu.
Assim sendo,
faço-lhe meu último convite:
-Aqui tens à tua frente
a foice e a face que outrora beijaste,
preciso que me corte,
será melhor a ser enforcado.
Arranque tudo que há dentro de mim
e escreva um poema visceral,
pois só tu, poderá dizer
o que é poesia para mim
em um soneto da alma humana
que vagueia nos buracos negros
sem destino pelo céu entre as estrelas,
que clareiam com seu fogo fátuo
o balseiro da morte
que segue de encontro com infinito.
*Esse texto foi composto, usando todos os 55 títulos, já publicados até hoje, dia 13 de janeiro de 2023, pela escritora e poetisa Fabiana Alves, no recanto das letras.
Águas de São Pedro (SP) 13 de janeiro de 2022.