da minha cama calma te escrevi esta
o gozo preso na garganta
o mel escorrendo nos lábios
as palavras macias
peito travesseiro
o lençol enrolado nos pés da cama
seu corpo coberto por mim
dos pés a cabeça
te beijo com olhos selvagens
bicho fera domado
rondando a selva do teu sexo
triste te ver partir como chuva que esconde o sol por longas semanas cinzas
bom te ouvir chegar como o estalo que a rolha faz ao ser puxada pra fora
bem te quero perto
meu bem te quero perto por quanto mais for quente
te quero perto até demais que corro o risco de deixar você ver as goteiras do meu quarto
o teto úmido as folhas verdes no quintal o roxo no meu pescoço
e até mesmo a bagunça que eu faço só pra tu não ver os meus segredos
te desejo pela manhã, pela tarde e pela noite
me acostumando a encaixar as batidas do meu coração no ritmo da sua respiração