FLORDINARIA

Chegou, sorrateira

Bem de mansinho, sem alarde

Uma semente na floreira

Ainda era cedo, não era tarde.

Suave como uma canção

Cândida, é bem verdade

Apenas uma flor em botão

Ainda era cedo, não era tarde.

O esboço de uma flor

Quase uma realidade

Um cântico de louvor

Ainda era cedo, não era tarde.

Desabrocha, exala perfume

Formosa, é toda vaidade

Insinuante, desperta ciúme

Ainda era cedo, não era tarde.

Viçosa, causa furor

Plena, na tenra idade

Por ela, sofrem de amor

Ainda era cedo, não era tarde.

Uma deusa abençoada

Pureza, em toda a intimidade

Finalmente emancipada

Já não era cedo, nem era tarde.

Por muitos cobiçada

Inocente, sem maldade

Muitas vezes desejada

Já não era cedo, nem era tarde.

Sem consentir, foi enganada

Ofertada sem piedade

Acusada, foi julgada,

Já não era cedo, nem era tarde.

Pétalas despedaçadas

Vai-se a castidade

Pedras são atiradas

Já não era cedo, nem era tarde.

Folha seca ao vento

Perdeu a dignidade

Ganhou sofrimento

Já não era cedo, era bem tarde.

Dos polens recebidos, nada gerou

Partiu sem deixar saudade

Floresceu, viveu, murchou

Agora é tarde.

Samuel De Leonardo (Tute)
Enviado por Samuel De Leonardo (Tute) em 05/01/2023
Código do texto: T7687764
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