Somos pássaros andores que viajam

em procissão trazendo no bico o infinito.

 

Somos luares acesos

e carregamos lamparinas

em mãos de trigais.

 

Entregamos o pão e o verso

e dedilhamos o sumo das frutas

no tremular da noite

em que os olhos se fecham

para sentir o amor.

 

Se podemos ser estrelas,

se podemos ser sol e flor,

se podemos ser a lágrima da saudade,

o toque da melodia

na textura suave de um coração

que transborda a si mesmo,

se podemos ser do perfume o olor...

podemos ser mar

e o vai e vem das marés

se desenhando na areia

em cantilenas de paixão e amor.