Miragens
Vês miragens de densas noites em meus olhos de poeta?
Não consegues ver a luz lá no fundo,
beirando os umbrais de minha retina?
Talvez, não olhes tão fundo assim,
caminhas apenas o raso...
na superfície feia e grossa...
Na pele cascalho da alma desnuda e estranha...
Vês apenas minhas horas de deserto,
o eco dos gritos de dor de outros tempos
e por isso percebes só o traço triste de meus versos...
Não vês a luz que brilha no fundo,
não enxergas (nunca vistes apesar de para elas olhar)
as palavras ditas para ninguém,
as gritadas em silêncio ao mar -
em eternidades de vontade de dizê-las a ti...