Continuo visitando seixos e penedos interiores,

mas minha poesia não se faz mais com versos de epílogos.

Faz tempo me visto de sonhos,

burgau de sentimentos que entrego ao mundo,

mesmo a voz rouca, para que aos raios de sol

recebam de minhas mãos de poeta meu amor, meu calor e luz.

 

E quando caminho cinzelando

a opacidade brumosa e turva da tarde,

na sala de cortinas fechadas,

é porque a chuva que cai no telhado da vida

- eu a ouço - eu a quero sentir

em toda sua profundidade,

melodiando o dançar da alma toda poiesis.

 

O meu silêncio, ainda se faz em mim,

quando adormeço as mãos roucas

e me ouço no jardim da metade do meu coração.

 

É quando o momento sopra essas afrisias interiores

e o poema vai silenciando em mim,

enquanto desce, palavra por palavra,

dos meus olhos que tremulam infinitos de amor

ao mar de ventos e ondas que esculpem em minha alma

toadas e maresias com dedos de menestrel, amor e paixão.