O tempo passa e com ele as histórias
dos que foram antes de nós.
Nossa memória aponta a ancestralidade,
quando nossas almas viviam senzaladas
em distâncias de si mesmas, sempre em busca,
sempre em procuras de se encontrar.
Os campos de flores urgem o passadiço do tempo,
a alma de cais espera no porto das igualdades o anjo
que a guarda há eternidades no caminho da vida.
Que a ama e protege em meio aos dias de luzes
e em meio aos temporais bravios e carregados de caos.
"Nunca me abandonou.
Mesmo quando meus olhos
não o podem ver,
eu sei, ele está lá, mesmo minhas mãos
não podendo tocar a sua face amada,
eu sei, ele está lá.
E sei que irá comigo até o fim,
que quando a guerra dos anos chegar
e o fogo do tempo bramir
seus raios de fúria em meu corpo
e os meus dias chegarem,
minha hora de luz,
eu sei que ele estará lá em minha despedida
e em minha chegada em nossa eternidade.
Montará guarda medieval em minha porta,
arco e flecha na mão,
até que minha alma faça a travessia da vida".
E mesmo quando as pétulas do tempo
se tornarem amarelecidas em volta de nosso amor,
quando afainarem a desordem
a fragilidade da vida tremer as nossas pernas,
não deixaremos que os armados
e fugazes façam nosso caos.
"E eu sei, bem sei que ficarás
guardando minha vida choupana,
meu amor de quarto,
nosso amado esbelto,
que nasce agora como estrelas.
Meu desejo é estar sempre contigo,
dentro teus olhos e coração,
na doçura dos arrozais da vida.
Vives em meu espírito - o és -
lá onde dormem anjos.
És minha ânsia profunda,
onde o tempo fomenta cada vez mais
o desejo de te querer entre minhas mãos".