Pranto dos Solitários

Somos a memória do tempo.

Caminhamos, em dois,

os mesmos passos e

cada passo sendo um passo.

Também me perco no caminhar.

 

Não acomodo em meu interior minhas ânsias.

Elas sempre extrapolam todas as fronteiras

e limites que eu poderia estabelecer.

Têm vida própria, acordam, levantam,

caminham, se jogam de penhascos

e abismos para o profundo do mar

e depois vêm - pedintes -

como as ondas do mar

beijando a terra...

 

Assim, sou eu,

assim é você.

 

Então, procuro em teus braços feitos

o pouco de luz que me dizes ter

e vejo o sol me aquecendo

e acendendo faróis em minha alma.

Quero essa luz que atende

pelo nome de amor por mim...

como eu também te amo

e minha luz navega pelo fio

de prata da vida

para chegar até você.

 

Ouço o pranto dos solitários

enquanto ainda me perguntas

se sou eu o amor.

 

Sou.

E sou sua procura.

 

Sou sua ânsia e seu desejo.

Sou a dor e a majestade

de minha imagem

que roça a tua

na mesa de xadrez da vida.

 

Sou mãos de carinho e luz.

Roço uma estrela, danço com ela

e, em seus braços feitos,

brinco de infinito.