Também me passam antigas lembranças

no cotidiano do dia, coisas do coração.

Imagens se transportam através do tempo

e se misturam com o mundo de agora.

Como o tempo passou.

E, se me vejo, pensativa,

chapéu de fita azul em minhas mãos,

é porque o ontem beira os pensamentos

e as saudades das antigas lembranças

assolam a alma no arguto do tempo.

 

É onde ele nos leva para o interior de águas claras

desse lago de flores que trazem luz ao nosso caminhar.

E todos os tempos batem à nossa porta,

para nos lembrar como vivíamos

e como nos augusta, hoje, viver.

Esse tempo em que nos beijávamos em versos,

nos abraçávamos em palavras

e cantávamos canções as mais lindas

para expressar os sentimentos,

um tempo despreocupado,

onde vivíamos rodeados de estrelas a nos amar.

 

Com o passar dos séculos também vieram os tempos difíceis,

solo árido, caminhos trilhados por pedras e britas onde,

muitas vezes, pés descalços se machucavam, se feriam.

Falo de tempos vazios e sem encanto,

onde as lágrimas deslizaram

pelos campos secos e enfurrescidos de tempestades.

 

Em meio ao silêncio também existiram campos de paz,

tempos de sementes plantadas, portões que se abriram

para o milagre do amar, para o milagre da vida,

do amor que explica na súmula dos desejos e das paixões

que vinham de todos os lados para nos envolver

e possibilitar esquecer a dor das perdas, a dor de sonhos perdidos,

de sonhos que não conseguiram ser realizados.

 

E aqueles, cujo realizar trouxeram alegria e felicidades,

conectando-nos por meio do fio de prata da vida

que nos abraça a cada manhã, tarde e noite do dia

e nos mantém, mesmo invisíveis, enlaçados

tanto para a vida, como para a morte em amor e paixão pela vida.

 

Somos a vitória de nosso amor, somos o legado

de uma história que nasceu para surpreender

e marcar nossa vida e valorizar nossos ancestrais

e nossos filhos que, um dia, quando não mais aqui estivermos,

saberão que duas almas se amaram plena e intensamente

com o amor mais lindo e sagrado do universo de luzes.

 

Eu te amo, tanto, tanto: eu também te amo, amor!