Se nos perdemos dentro de nós mesmos
temos um corpo de vestir,
mas, muitas vezes
não sabemos o que fazer com ele.
Quando a pergunta bate, bate em nós.
Então é hora de pensar no que temos.
Fazendo um inventário temos muitas coisas,
mas nem sempre o que temos
é o que precisamos
ou o que gostaríamos de ter.
O poeta fala de ter luz de disfarce,
comodato de três quartos
para farelar solidão
ou se perder de fanfarrão!
A solidão sou eu!
Coisa braba
que bate
e atarracha melros,
deve ser eu!
E você, vem,
disfarçado de luz,
de pó ou de chuva
num tempo de sombra
eterna do Sol
e fase negra da Lua.
E a primavera já foi.
Partiu sem se despedir.
Foi no ontem que partiu,
rápida e silenciosa se foi.
Deixou, agradecida,
algumas flores
e uma rosa
murcha e sonolenta
sobre o tampo da mesa.
Por isso, chorei, hoje,
contigo amor.
Eu ouvi sua voz
de quem chorou
com o meu falar.
Eu me fiz corpo de vestir
para quem se perdeu
dentro de si mesmo
e chorei contigo, amor...