É assim quando nos encontramos,
o estar junto arde, a luz que emana desse viver queima
e o amar vira urgência, o desejo é tanto
que nos atropelamos pelo caminho
em busca de entregar amor e prazer.
E tudo é novo, tudo é diferente, mesmo sendo igual.
Encontramos uma nova e rústica forma de amar,
de ser palha e é como se o mundo descambasse
numa só vez sobre nós, tal a ânsia.
E vem o céu de tempestade,
a força motriz dos cáusticos ventos,
a solda que queima e nos une,
duas gemas de uma só pérola, de um só sol de amor.
E neste lampejar, ora estamos,
asas abertas no céu de nós dois,
ora caímos, meteoricamente,
esvaziados de nós mesmos
e abatidos em pleno voo.
E mesmo que se faça planos,
e mesmo que se tente fazer as coisas em prestação,
em etapas ou fases, o que de fato ocorre
- em nossas ânsias de eternidades -
é que nos atiramos num mar de sal
tão drástica e rapidamente
que nem vemos o açúcar - só ao final
o podemos experimentar.
E o momento vira tempestade e caos,
chão bruto, sem ângulo,
um dá de lá, pega daqui
no rifado do tempo.
É quando as coisas do coração
passam ter um significado grandioso,
tornam-se especiais e passamos a vê-las
de outro ângulo, do ângulo da paz e mansidão
que o amadurecimento nos dá.
Então sabemos que há momentos
e há momentos e que um dia as coisas
são lentas e sombreras,
noutro somos anfitriões da dor.
Mas não estamos sozinhos.
Somos fruta e somos terra
e se o sol entardecer sua luz
e a sombra reina soberana,
a vida continua.
E o nosso mundo
é esse tratado de luz e elos,
arguto sistema
de nós dois num só.
As partidas não são o fim,
mas o início de uma nova avenida
para caminhar.
O vazio não é um espaço
a se desprezar,
mas a se ocupar
com as lembranças de quem somos,
do que fomos e do que,
ainda, podemos ser.
Por isso,
a esperança da volta
do reino canelado
e da busca da sinceridade
de um viver em amor,
o verdadeiro amor,
amor de nossa eternidade.
Eu te amo:
eu também te amo!