Da brincadeira de amar

O desejo de amar faz do homem

um ventríloquo do mero acaso.

O peito pula e grita como lástima,

se preciso, queima a centelha

necessária pra se viver ouvindo.

O amor sacrifica o orgulho,

é uma liturgia dos antigos deuses,

uma espécie de velho augúrio:

Ritualiza o pecado e invoca

o sublime e puro bem-estar.

O amor é um transe hipnótico,

somos levados a um estado

inconsciente, mas com um lógico

desejo de ser por fim amado.

Portanto, o brinquedo é o amor,

somos meros fantoches dele:

brincamos em suas marionetas,

e elas divertem nosso embaraço.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 22/12/2022
Código do texto: T7677328
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