Da brincadeira de amar
O desejo de amar faz do homem
um ventríloquo do mero acaso.
O peito pula e grita como lástima,
se preciso, queima a centelha
necessária pra se viver ouvindo.
O amor sacrifica o orgulho,
é uma liturgia dos antigos deuses,
uma espécie de velho augúrio:
Ritualiza o pecado e invoca
o sublime e puro bem-estar.
O amor é um transe hipnótico,
somos levados a um estado
inconsciente, mas com um lógico
desejo de ser por fim amado.
Portanto, o brinquedo é o amor,
somos meros fantoches dele:
brincamos em suas marionetas,
e elas divertem nosso embaraço.