"Também preciso lidar com a ansiedade da espera,
com o medo de não te encontrar neste árido caminho dos curdos".
Fazes destes caminhos curtos, teus caminhos.
É lá que ficas à espera, por horas, por esmero,
à espera da saia longa brocada
de suaves e lânguidos amores.
É lá que mora teu desespero,
tua ânsia eterna por amor.
E é pra lá que eu vou,
para te encontrar homem de esperas,
homem que sente, que nada deixa passar,
que alcança o que sente
e faz comodato com o eterno amor.
Me espera: te espero.
Chego rápida
como a água que veio da terra
e correu, repentina,
para o teu rio.
Chegou rápida, trazendo
um tronco em seu costado.
Foi muito rápido a subida
e suas águas logo
encharcaram os vinhedos,
sem voltas, de passadas
e goles rápidos,
cheios de repentinos.
Não há que se amuar
pelo que falta começar
para acabar.
Nos jogos da vida tudo faz parte.
Temos dias de águas
tenebrosas e rápidas
que chegam como furacões
e levam tudo deixando
o mundo vazio em segundos
e temos dias de águas mansas,
lentas como eu ontem,
que vão indo, indo
dançando valsa ao sabor
das mais suaves brisas
até chegar ao mar
e nele desaguar.
Simples assim,
pelos dias, vivemos,
um de cada vez.
É que vivemos o amor maduro,
num tempo em que nem tudo é
ser crianças ou adolescentes.
Brincamos a vida, dançamos, amamos,
zelamos por este amor,
nos enternecemos a alma
e carregamos a felicidade
em nosso coração e corpo.
Tudo é nós! Tudo faz parte.
Temos tudo.
O amor verdadeiro
não é construído
sobre momentos.
É fundamentado na alma,
no que somos.
Os nossos momentos
elevam nossa essência de ser
ao sagrado e ao perfeito
porque nesses momentos
concretizamos o sentir
do que já temos, do já somos
somos dois em um
e para mim é este o amor maduro
que ama intensamente
em qualquer momento.
O amor se alimenta do todo que somos
e eu sou toda você
e você é todo eu.
Sentes o que se passa
na terra dos caracóis.
Então vens,
na terra que é só tua,
vem untado de mel,
rodopiando girassóis.
Vem viver um caminho
de poucos passos,
mas cheio de pavio,
sempre em ânsias
para lançar chamas
no vale do amor.
É preciso cor agem
para não vir atrás,
se eu vou...
Prefiro a força contrária
em meio a fuga pro céu.
Sei que o momento de passagem é fugaz,
mas também sei que não te importas
com abreviaturas da vida
importa que a vida passe,
se não ela passa, passamos nós.
E quando o pêndulo da meia-noite
marcar a hora do medo,
afaga minhas mãos e me peça,
cáustico e redentor:
me deixe sozinho
neste jugo de solidão.
A vida vai devagar na partida
quando chega,
vem com pressa, afoita
manda cantar
e você afoga tua voz
na ária dos mudos.
A vida tem o dom
de acordar o cervo
de caminhar o certo
e o errado provar.
Somos dois caminhos
numa trilha apagada,
mas que se desenha nova a cada dia
deixando a voz trêmula para gritar:
Somos ânsia e procuras
de nossos caminhos curtos
de ventos azeitados
de amêndoas e avelãs.
Desenhamos nosso amor
nas páginas em branco do tempo.