Saias de Cor

O tempo é cruel para quem quer chegar e não consegue alcançá-lo,

para quem quer ficar e ele corre em frente sem nada esperar.

O tempo é prenhe de horas e instantes que fazem

um momento único que se você deixa passar, passou.

Num estalo já é passado e não tem mais volta.

E tudo que foi, passa junto, a música,

a orquestra sem tom e maestro.

É por isso que ela fica lá, esperando o tempo chegar,

na solidão das mesas e afrescos diversos na parede

de cheiros inebriantes e sozinhos.

E o tempo passa e não chega nem perto de suas saias de cor.

O tempo passa recitando despedidas de vou, mas logo volto.

Passa correndo e não volta mais.

E a vida, solitária, também vai pela mesma porta.

Segue na chuva para que as gotas do céu disfarcem as lágrimas

que superabundam em sua face, mais uma vez surpresa com a fuga do sol.

E quando o tempo volta, a vida não está mais lá...

nem rastro de sua estadia ficou.

E o tempo senta, incrédulo, à mesa dos sozinhos,

porque quando a vida lá estava, preferiu ir, com ela, não ficou.