Sento à Mesa dos Sozinhos,

passo e repasso a voz

de um rouxinol que canta à manhã.

 

Ouço seu trinado de rara beleza e me quedo,

silenciosa, alma em contemplação,

diante a beleza de seu canto.

 

Entrego o beijo que seu canto almeja receber,

beijo de amor, gerado no campo

da paz em amar que já conquistei.

E, mesmo sua voz, voltada a outro horizonte,

me aposso desse pólio entregue aos pássaros

que voejam o mesmo céu ao seu redor

e faço minhas, suas palavras, entregues a outra flor.

 

E, com minha mão de carinho, rendada e costurada

ao meu amor eterno, afago sua face desejando,

ardentemente, ser um pouco de vida

a lhe tocar a alma com minhas surradas penas.

 

E minha alma se dobra em adoração

fazendo uma pequena prece:

que nunca lhe falte, ao coração, o seu cordão de ouro,

a espada mágica, a presença dela que é vida

que é tão vital como o vento para a montanha,

igual ou mais do que o rubro sol em todo seu esplendor.