Ramos Tortos

"São os ramos que fazem a flor. 

Sem eles não há flor que possa em botão luzir". 

 

Se ninguém se atreve a provar

suas dores de cor azeda,

há quem se atreva.

O amargo se faz doce

e quando se prova o amargo

o doce se torna mais doce

se transforma em novo sabor. 

 

Passar ao largo é passar perto, passar rente,

e passar rente é estar dentro do perímetro

dos espinhos que, mesmo invisíveis,

enfeitam o ramo da flor.

Coisas de homem comum.

Ninguém vê!

Ninguém sabe!

onde estão?

 

Brota no ramo da flor.

Aquele que toca a pele

e crava profundamente na gente.

 

Ele foi pra não voltar

e chega pra nunca sair.

O homem valente,

de duas portas.

 

E a porta bate duas vezes,

uma indo, outra voltando

e ele diz: se vai sou eu,

se fica, fico sem ninguém

com desdém e lágrimas

de fazer chorar... 

 

E ele partiu sem despedidas.

Simplesmente foi,

num dia nublado e sem cores,

até sem malas levar.

 

Só disse:

eu já volto Rosa!

e nunca mais voltou.

Até hoje espero sua volta.

 

Mas volta não tem mais não.

Ele se perdeu no tempo

e já foi para ao largo

dos desaparecidos em plena vida. 

 

E não adianta pedir.

Já pedi pra voltar:

volta minha vida! volta,

eu também só sinto dor.

 

Não voltou!

 

Vive lá longe,

fraco e sem sentido,

em meio ao entrevero

dos que também já partiram

aventados por uma leve

brisa de primavera.

 

Mas não desisto dele.

Sopro luzes para que se avive

e volte fortalecido de flores

para em meus próximos passos colocar.