E chegam lembranças antigas de um jardim ferido,
que foi empório e amado armazém de esperanças.
Um jardim que foi trilha de luz e onde agora dorme o lodo.
E chegam lembranças antigas de um tempo
que não volta, de um caminho de roça.
Falam de um tempo nascido à beira de uma casa com balcão,
cheiro verde banhado em luz, mas que pouco acalentava
os frágeis e fracos que trilhavam aquele caminho.
Lembranças que chegam,
falam de um córrego
e flores que sonhavam ser jardim.
Hoje de nada mais resta neste caminho de roça,
jardim ferido, coberto de lodo e musgos de outrora.
Mas foi ali, em meio a argamassa e as pedras deste córrego
que a vida aprendeu a gostar da paz, a ser homem de bençãos,
e amante de adornada mulher, hoje distante de suas mãos.
Foi ali que a vida aprendeu o que é o amor,
mas, pena, hoje não sabe mais encontrar o caminho do vasto abraço.
Hoje, a vida vive o caminho da roça,
coberto de saudades
e do que, um dia, aprendeu:
na vida você é apenas uma vez.
E chegam lembranças antigas de um jardim ferido,
que foi empório e amado armazém de esperanças.
Um jardim que foi trilha de luz e onde agora dorme o lodo.