São tantos momentos na vida que a chuva cai dos olhos

porque nossos sonhos parecem inalcançáveis.

O viver é o extraordinário que, muitas vezes,

não percebemos ou não queremos perceber.

 

Se há um outro eu escondido atrás das Portas de Sombras

podemos nos perguntar em qual lado da porta queremos ficar.

O lado de lá ou o lado de cá. Temos a possibilidade da escolha.

Se é um eu cáustico, enigmático, diápaso, conivente com o humano

e com as bordas dos corpos que lhe outorgam algum calor...

e é a esse outro eu que desejas te entregar...

Escolhas. Fazemos escolhas.

 

Ainda há a dúvida se o tempo passou.

A pergunta levantada "se" o meu tempo já passou...

Você ainda não sabe?

Quem precisa lhe tirar a dúvida?

 

A dúvida sou eu?

Se sou, então sou

eu que passei.

Esquecida.

 

E, nesse passar esquecida, não vou mais

torturar os meus olhos com lágrimas.

Não há porque chorar se somos dúvidas e incertezas.

Somos. Lágrimas nunca mudaram o destino,

apenas amainaram as dores do caminho, tornaram-no suportável.

 

Queria que fosse eu a noite que esperas

e dentro dela aguardas seu novo raiar.

São instantes, momentos diante a eternidade do tempo.

 

Mas, é o que, hoje, temos.

Se isso não traz felicidade,

se nos leva a se acomodar...

na (in)luta do dia é o resultado que vamos ter.

 

Portas de Sombras falam de não ser feliz assim,

de se alcançar o que se pode alcançar e largar,

se desfazer de tudo que foi conquistado.

É a ambivalência das escolhas.

É nela que sonhamos viver?