E dormem anjos em lugares inóspitos e de aragens,
preocupados com a névoa que não se dissipa,
com os céus que chovem chuva sobre os outeiros da alma.
E esta, profunda, se faz poço em ruelas e pinguelas
que roçam a face de esperas no espelho do céu.
Em meio à paisagem de estrelas,
o corpo se impõe ao doce groelar dos afetos
e das horas desmedidas imersas em brasas vivas
e cordéis de amor cujo sabor de tâmaras e amêndoas
se espalha, asas abertas ao sol.
E são cerradas as portas da dor e a vida se reconstrói,
recomeça no costado do mundo, sem medir espaços,
sem correr resmas ou rascunhos de um mensageiro do tempo.
Simplesmente se faz sem tropeços em dores do passado
que ainda o corpo carrega resquícios nos umbrais do esquecimento.
Ergo minhas mãos em tua face,
florando amor e saudades de uma face
que ainda não toquei, de olhos
que ainda não olhei no profundo do além palavras.
Floro minhas mãos
em tua pele desenhando o amor verdadeira,
tricotando veludos e sedas em volta de teu peito
para que teu amor durma aquecido pela luz das estrelas
e neste adormecer, se aqueça em minhas asas de anjo
e ao som de muitas flautas de arcanjos
que fazem tocar sorvedouros de mel
em nosso jardim de esperas de amor.
Te fiz rei de meu espaço
e não arredo, tu sabes,
pé para intrusos sem laços.
Você é dono de minhas conquistas,
posto ser dono de mim,
de meu amor que te energiza a alma.
Sou tua conquista, sou tua, você sabe.
Amaina meu espírito com suaves ramainos de amor e paixão.
Vem! Avança o tempo com teus lábios sobre meus trapos e fiapos de alma.
Seja dono de meu mercado de esperança,
de minhas prateleiras de saudades.
Te faço senhor
e dono da tenda
de nosso amor eterno,
onde só moram anjos.
Acredite! Acredite no amor!
Ilumine nossas vidas,
não morras no omisso
diante da grandiosidade
que o universo,
mais uma vez, nos entrega.
Desfrute de nosso amor.
Ame! É muito amado.
Vem! Adormeça teu corpo de guerras
com anjos de paz que fazem de tua vida torta,
a porta de espera para todos os arcanjos.