Arrulho Melancólico
Desato meus nós no crepuscular ausente
de risos molhados e prantos invisíveis...
Trespassa-me um pomar sazonado e atemporal
que empurra poemas de rosas roídas pelo vento
e faz meu ninho de passarinho absorto e sensível
na catedral ebúrnea de meus sonhos mais íntimos.
Procuro as dádivas do inverno que me trouxe
um sol antigo que - calado - conversa com meu silêncio...
Assim, como se estivesse ausente, como se a poesia
fosse um universo longínquo e singelo,
o desabrochar de uma estrela, as asas do voo de um pássaro
no arrulho melancólico dos sentidos de um poeta morto.